Linhas de pesquisa
O Programa de Pós-graduação em Geografia da UFF nos seus 23 anos de história tem na sua área de concentração, o Ordenamento territorial e Ambiental, o seu núcleo teórico-metodológico fundamental que confere coerência e unidade ao programa. Mas para enfrentar os desafios do mundo contemporâneo, passamos, recentemente, por um processo de reestruturação de nossas linhas de pesquisa objetivando revelar uma atualização e diversificação teórica, metodológica e temática expressas nas pesquisas desenvolvidas pelos professores(as) e estudantes que constituem a nossa instituição. Neste sentido, passamos de duas linhas de pesquisa (1-ordenamento territorial Urbano-Regional e 2- Ordenamento territorial ambiental) para cinco novas linhas de pesquisa descritas abaixo:
Linha 1: Planejamento e Justiça Territorial, Ecologia Política e Geografia da Educação.
Buscam-se consolidar estudos do ordenamento do território sob as condições de reprodução do capitalismo e das relações desiguais de poder social e político racializado. Para tanto, à crítica do Planejamento, incorpora-se o debate da Justiça Territorial, como horizonte ético das lutas sociais corporificadas (classe, raça, etnia, gênero, cor, idade) em suas territorialidades. Amplia-se a agenda de investigação com o envolvimento da Natureza sob o crivo da Ecologia Política, traduzindo a valorização da sociobiodiversidade do território e da crítica socioambiental aos ordenamentos urbano e rural da sociedade. Refinam-se os reencontros de saberes e fazeres em pauta na Geografia da Educação, tendo como referência as práticas de diferentes sujeitos em suas experiências territorializadas (institucional, ambiental, quilombola, indígena, e dos demais “povos de tradição”).
Professores participantes da linha: Ana Giordani, Ester Limonad, Ivaldo Lima, Jacob Binsztok, Jorge Barbosa, Lucelinda Schramm Correia, Luiz Renato Vallejo, Rita de Cássia Martins Montezuma
Linha 2: Produção do espaço, Diálogos de saberes e Movimentos sociais.
Objetiva-se analisar forças e racionalidades presentes no processo de produção do espaço que se estabelecem por meio das práticas espaciais e territorialidades dos grupos dominantes /hegemônicos da sociedade, assim como compreender os grupos sociais subalternizados que lutam cotidianamente por direitos, organizados ou não, em forma de movimentos sociais e que produzem o espaço como dimensão fundamental do enfrentamento às diversas formas de exploração, dominação e opressão. Operamos com uma noção ampliada de produção do espaço, capaz de compreender as fronteiras de avanço do capitalismo racial e patriarcal e reconhecer o contra-espaço e o espaço diferencial forjados socialmente, na insurreição do uso, na força disruptiva da diferença e na r-existência ontológica das diversas formas de vida comunitárias corporificadas e territorializadas, expressas numa visão interseccionada das lutas por direitos diversos, tais como: direito à moradia, mobilidade, educação, cultura e direito a uma cidade outra e também as lutas comunitárias pela terra, território e reapropriação social da natureza e pelos bens comuns. Esses sujeitos e suas lutas que emergem do cotidiano dos assentamentos, das florestas, das águas, dos quilombos, das periferias urbanas, nas mais diversas formas de expressão da sociedade se encontram também na escola – espaço de múltiplas experiências, trajetórias e saberes – e na Geografia Escolar, um território fértil de reflexão, formação e produção de epistemologias e diálogos de saberes, pois, também são lutas por descolonização do saber e por metodologias e pedagogias outras.
Professores participantes da linha: Amélia Cristina Alves Bezerra, Flávia Martins, Márcio Piñon de Oliveira, Ruy Moreira, Carlos Walter Porto Gonçalves, Rogério Haesbaert, Timo Bartholl e Valter do Carmo Cruz.
Linha 3 : Território, Conflitos Políticos e Natureza .
A linha Território, Conflitos Políticos e Natureza tem por objetivo ampliar a compreensão sobre as diversas dimensões territoriais do conflito político, que se expressam nas relações entre diferentes sujeitos sociais, entre agentes econômicos e as diversas associações, coalizões e desenhos que compõem, dentro e fora das instituições, as decisões políticas – decisões essas que, muitas vezes, estão profundamente implicadas com questões que afetam a chamada natureza, em toda a multiplicidade de ações de dominação econômico, política e apropriação cultural. Pretende-se, portanto, contribuir com análises qualificadas acerca dos conflitos embutidos nas tramas políticas, econômicas, culturais e ambientais que configuram espaços de disputa e de resistência e que são, também, orientados por lógicas e ordens espaciais que se expressam em diferentes escalas, sejam as tradicionais escalas da gestão e da decisão estatal, as de ação (e ordenamento) empresarial ou aquelas moldadas pelas múltiplas formas de antagonismo e reação aos padrões hegemônicos.
Professores participantes da linha: Juliana Nunes Rodrigues, Daniel Sanfelici, Sérgio Nunes Pereira, Luiz Jardim Wanderley, Rogério Haesbaert, Carlos Walter Porto Gonçalves e Valter do Carmo Cruz.
Linha 4: Mudanças globais e antropoceno.
Mudanças significativas e aceleradas no espaço geográfico têm sido associadas à atividade antropogênica. Embora as ações humanas, relacionadas a diferentes práticas socioeconômicas, envolvam diversos recortes nos meios urbanos ou rurais, sua abrangência espacial e temporal compõe o quadro das mudanças globais, resultante de processos locais que alteram o funcionamento do planeta. Nesse sentido, registros sedimentares, biogeoquímicos, geomorfológicos e hídricos sobre estas mudanças de longo prazo impulsionam o debate sobre o estabelecimento do Antropoceno como nova época geológica. Neste contexto, encontram-se também situações de risco (ambiental/natural) às populações, urbanas e rurais. Riscos associados à segurança hídrica e climática se tornam tema central da ciência geográfica, demandando métodos estatísticos, químicos, físicos, além da necessidade de difusão do conhecimento, incluindo os espaços escolares. Desta forma, a presente linha de pesquisa reúne estudos que expressam a fronteira da ciência geográfica da atualidade, ao mesmo tempo que respondem às demandas da sociedade e espaço de trabalho, contribuindo para construção do conhecimento e desenvolvimento de metodologias que enriquecem a área de concentração em ordenamento territorial.
Professores participantes da linha: Carla M. Salgado, Rosemary Vieira, Humberto Marotta Ribeiro, Jorge Luiz Fernandes de Oliveira, Guilherme Borges Fernandez, Reiner Olíbano Rosas, Sandra Baptista da Cunha e Paula Maria Moura de Almeida
Linha 5: Dinâmica e Evolução das Paisagens.
A linha de pesquisa Dinâmica e Evolução das Paisagens faz parte de uma Geografia sustentada no pensamento dialético e adota como objeto de pesquisa as mudanças nos sistemas naturais e antropo-naturais. A linha se fundamenta numa abordagem sistêmica da envoltura geográfica, utilizando categorias geográficas como paisagem e geossistema, advindas de classificações tipológicas e regionais, visando entender suas propriedades e estabelecer as leis que regem os fenômenos naturais em constante transformação pela sociedade. A principal temática de pesquisa está na dimensão temporal das paisagens visando a produção de conhecimento científico através de métodos empíricos com base na utilização de dados espaciais, incorporando métodos de análises com um forte apelo de geotecnologias, incluindo o processamento de séries temporais de dados de sensoriamento remoto, levantamentos de dados de campo, técnicas de análise de amostras em laboratório e utilização de ferramentas de análise espacial. A área traz como foco principal o estudo das mudanças, seja como fenômeno natural, seja como efeito da ação social, esta última como vetor de transformação acelerada da natureza resultante do sistema de produção adotado pela civilização humana.
Professores participantes da linha: Thaís Baptista da Rocha, Raul Vicens, Guilherme Borges Fernandez, Reiner Olíbano Rosas, Flávio Nascimento, Sandra Baptista, Cristina Pessanha Mary, Paula Maria Moura e Itaynara Batista